Ao casal, com amor

 

A gente costumava dizer que nossa amizade começou ainda na barriga de nossas mães. Quase nascemos juntos, mas, diferente da ordem do Novo Testamento, Lucas veio primeiro que Mateus. Pouco mais de um mês, pra ser exato; e se tem alguma verdade nesse papo de astrologia é que leoninos e librianos formam uma ótima amizade.

Estudamos juntos desde o jardim de infância e, quando ele mudou de colégio na 2ª série, não demorei a seguir o mesmo caminho. Eu vivia na casa dos seus avós maternos e não me esqueço do Seu Abelardo me convidando pra tomar café da tarde e de Dona Carminha nos incentivando a ler livros de escritores baianos.

Lembrando disso, a vontade é de me sentar ao lado dele na mesa da varanda, ouvindo ele falar “Zé Luca”, toda vez que me chamasse; e agradecer a ela pelo incentivo à leitura, tirando um sorriso de seu rosto ao lhe dizer que li quase todos do Jorge Amado.

Mas, enfim, embora esse texto seja pra outro casal, Mateus com certeza aprendeu muito com seus avós sobre a vida a dois. Digo isso com uma boa dose de certeza, pois, apesar de ter convivido não mais que alguns dias com ele e Bruna, costumo observar os detalhes daquilo que não é dito.

Na minha primeira visita ao casal, há uns três meses, fiquei com receio de parecer um chato, por repetir a todo momento: “cês são um casal muito massa!”.

Fazer o quê, o santo bateu – como dizem.

Depois de um sábado à noite muito bem aproveitado no forró, sobrou pro domingo a visita obrigatória do mineiro que vai ao litoral. Eles, sem um terço da saudade que eu estava do mar, me levaram com a maior disposição, rindo da minha dificuldade em terminar as histórias que tentei, sem sucesso, contar durante o trajeto.

Sentados os três de frente pro mar, me emocionei por alguns minutos, vendo meu velho amigo tão feliz. Coisa que a gente sabe só de olhar praquele sorriso largo que quase faz fechar os olhos. Ele que não é muito de falar, mas que diz tanta coisa quando sorri – e a Bruna parece entender direitinho essa linguagem. “Ele tá em boas mãos”, concluí.

Há anos não via Mateus, e Bruna eu mal conhecia. Mas, a impressão foi que, com ele, nunca deixamos de nos falar, e com ela, sempre fomos bons amigos. Faço nem ideia da Teoria do Einstein, contudo, é assim que percebo como o tempo é relativo.

Toda felicidade do universo, procês!



Lucas Lima

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